Empresa Pública Jornal O Século, Álbuns Gerais n.º 3, doc. 1040A PT/TT/EPJS/SF/001-001/0003/1040A. Arquivo Nacional Torre do Tombo

Adalberto Gastão de Sousa Dias

(Chaves, 03.12.1865 — Mindelo, Ilha de São Vicente, Cabo Verde, 28.07.1935)

Adalberto Gastão de Sousa Dias nasceu em Chaves numa família de militares e de tradições republicanas a 3 de dezembro de 1865. De acordo com outras fontes terá nascido na Guarda a 31 de dezembro.

Membro do Partido Republicano desde 1910, participou em 1912, como major, na derrota das incursões monárquicas. Voltou a sair em defesa da República no combate ao bloco conservador de Sidónio Pais em 1917, acabando por ser preso e colocado no Regimento de Infantaria de Reserva n.º 18, no Porto. Foi neste regimento, já como coronel, que combateu a proclamação da «Monarquia do Norte», em janeiro de 1919. Em 1921 e 1923, foi deputado eleito pelo círculo do Porto, tendo sido várias vezes indigitado para ministro da Guerra.

À data do golpe militar de 28 de maio de 1926, Sousa Dias era comandante da 3.ª Divisão do Exército, no Porto. Encabeçou a resistência às forças revoltosas e recusou inicialmente qualquer cooperação. No entanto, perante a generalizada adesão à revolta de várias unidades sob o seu comando, acabaria por, em nome da divisão que comandava, aceitar o movimento militar, pedindo de imediato a exoneração. Constituiu-se desde a primeira hora como inimigo declarado da recém-instalada Ditadura Militar e participou ativamente em várias ações visando o seu derrube.

Assumiu a chefia da Revolta de 3 de fevereiro de 1927, no Porto, cuja derrota determinou a sua prisão e deportação, em março, para São Tomé. Em dezembro de 1927, foi transferido para o Faial, nos Açores, e, em 1929, foi julgado em Tribunal Especial, no Forte da Graça, em Elvas, sendo condenado a dois anos de prisão correcional. Foi-lhe novamente fixada residência no Faial em 1930 e, posteriormente, foi deportado para o Funchal, na Madeira. Nesta ilha foi contactado para chefiar novo movimento revolucionário, em abril de 1931, e nomeado governador militar da Madeira pela Junta Revolucionária. Derrotado o levantamento, Sousa Dias foi demitido, sem qualquer pensão, direitos e honras, foi novamente preso e deportado para Cabo Verde e internado no Campo de Concentração de Presos Políticos de São Nicolau, tendo sido depois transferido para a Ilha de Santo Antão e, por último, para a de São Vicente.

Foi em Cabo Verde que passou os últimos anos da sua vida, sem nunca ter deixado de conspirar e estabelecer relações com as oposições em Portugal e no exílio, no sentido de derrubar a Ditadura Militar e, depois, o Estado Novo. Verá o seu nome excluído da amnistia de 1932 e do Decreto n.º 21 943 de dezembro daquele ano. Após as agruras sofridas nas sucessivas prisões e deportações, o general Sousa Dias viria a morrer em 1935, no Mindelo, onde se encontrava com residência fixada. Adoecera gravemente em Santo Antão o que o levara a ser transferido para o Hospital de São Vicente.

Em 1977, Sousa Dias, evocado como «uma das maiores figuras da resistência» e um «exemplo das mais altas virtudes morais», seria reintegrado a título póstumo, pelo Decreto-Lei n.º 232/77, no seu posto de General, com todas as honras inerentes e o direito às condecorações e graus honoríficos que possuía.

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