PIDE, Serviços Centrais, Registo Geral de Presos, liv. 82, registo n.º 16390 PT/TT/PIDE/E/010/82/16390. Arquivo Nacional Torre do Tombo

José Adelino dos Santos

(Santiago do Escoural, Montemor-o-Novo, 25.10.1912 — Montemor-o-Novo, 23.06.1958)

José Adelino dos Santos nasceu na freguesia de Santiago do Escoural, em Montemor-o-Novo, a 25 de outubro de 1912. Filho de trabalhadores rurais, seguiu a atividade dos pais, Adelino dos Santos e Mariana Augusta, exercendo as funções de manajeiro.

No início da década de 1940, aderiu ao Partido Comunista Português (PCP). Destacou-se na organização do partido em Montemor-o-Novo, na divulgação de imprensa clandestina, em atividades culturais, em ações reivindicativas pela subida de salários e melhoria das condições de vida e no apoio a familiares de presos políticos.

Foi preso, pela primeira vez, em 1945 e esteve três meses nas prisões do Aljube e de Caxias. Voltou a estas duas prisões quando foi novamente detido em julho de 1949. Julgado em fevereiro de 1950 no Tribunal Plenário de Lisboa, foi condenado a vinte meses de prisão correcional, na suspensão dos direitos políticos por três anos, imposto de justiça e «medidas de segurança». A pena é cumprida na Prisão de Peniche. Foi «restituído à liberdade condicional» em 25 de novembro de 1951 e só foi «restituído à liberdade definitiva» em 8 de agosto de 1956 por terem sido aplicadas medidas de segurança.

José Adelino morreu no dia 23 de junho de 1958 na sequência de uma manifestação, da qual fora um dos organizadores, contra a fraude eleitoral, que tivera lugar semanas antes, e contra o custo de vida, em que eram ainda reivindicados melhores salários. Foi atingido na nuca por um tiro disparado da varanda do edifício da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, quando se contava entre os manifestantes que clamavam «queremos trabalho e pão».

O funeral, apesar da vigilância policial, teve grande participação popular e constituiu-se como um significativo momento de protesto e resistência contra a ditadura.

Levantado do Chão, de José Saramago, é dedicado à memória de José Adelino dos Santos e de Germano Vidigal, também ele assassinado pela polícia política, mas em 1945.

Outros testemunhos