Diário Popular, 26 de abril de 1974, p.14. Centro de Documentação Museu do Aljube Resistência e Liberdade. Doação de Carla Ramos da Conceição

José James Harteley Barneto

(Vendas Novas, 08.12.1935 — Lisboa, 25.04.1974)

José Harteley Barneto nasceu em 1935 em Vendas Novas, no Alentejo, filho mais novo do cidadão espanhol Venceslau Barneto Delgado e de Júlia da Conceição Fernandes. Cresceu nos Olivais, em Lisboa, vivia com a mulher e os quatro filhos em Benfica e era escriturário no Grémio Nacional dos Industriais de Confeitaria.

Na manhã de 25 de Abril de 1974, José Barneto terá saído para trabalhar e, sabendo do golpe militar em curso, terá, como muitos, acorrido à Baixa de Lisboa, onde se desenrolavam os principais acontecimentos.

Ao fim do dia, uma multidão concentra-se na Rua António Maria Cardoso em frente à sede da Direção-Geral de Segurança (DGS) – anteriormente denominada Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) – exigindo a sua ocupação e rendição. Porém, os agentes da ainda polícia política – cuja continuidade naquele momento estava ainda prevista – resistem e recusam entregar-se. Já depois da rendição do presidente do Conselho Marcelo Caetano, agentes da DGS abrirão indiscriminadamente fogo a partir das janelas do edifício sobre a multidão na rua, causando dezenas de feridos e quatro mortos.

José Barneto, aos 38 anos de idade, foi uma das quatro vítimas mortais dos disparos da DGS, tendo tido morte quase imediata, resultado de uma laceração do fígado, apesar de o seu corpo ter sido ainda arrastado pela rua por pessoas que procuravam prestar-lhe, infrutiferamente, socorro.

A memória das quatro pessoas assassinadas no dia 25 de Abril pela PIDE/DGS é evocada pela placa colocada em 1980 na Rua António Maria Cardoso por iniciativa de cidadãos. Mais tarde, em 2010, também a Câmara Municipal de Lisboa assinalou o local com uma placa.

A identidade dos assassinos é ainda hoje desconhecida.

Outros testemunhos