Arlindo Vicente
“Fui conduzido a um corredor onde havia uma parede longa com uma série de portas, metro a metro. (…) Aberta uma das portas, deparei com outra porta e a seguir um buraco, nele um catre, coberto com uma serapilheira e duas mantas. Ao lado um escarrador sobre uma “banqueta” e um púcaro de alumínio para a água. O buraco não tinha luz. Esta vinha da parte exterior quando se abria a porta, o que acontecia para ir à retrete ou quando se almoçava ou jantava. (…) dão uma angustiosa sensação de asfixia e desespero (…) a sensação de afronta humana é perfeitamente conseguida.”
A descrição é dos curros do Aljube e foi feita por Arlindo Vicente.
Consta de uma carta que escreveu já a partir de Caxias, em 1962, ao Juiz Corregedor do 1.º Juízo Criminal de Lisboa.
Advogado e artista plástico, candidato a Presidente da República pela Oposição Democrática em 1958, desistindo em favor de Humberto Delgado, Arlindo Vicente nasceu #nestedia 5 de março, no ano de 1906.
Imagens:
- Sem Título, 1936, Inv. DP1254 Fundação Calouste Gulbenkian
- Capa de “Maria do Mar”, livro de Eduardo Brazão Filho, com ilustrações de Arlindo Vicente, 1928