Operação Vagô

10 Novembro 2020

1961 foi o “annus horribilis” de Salazar, marcado pelo início da guerra colonial, pela queda do chamado Estado Português da Índia e por diversas ações contra o regime de Salazar.

Uma delas teve lugar a 10 de Novembro. #Nestedia, o voo de carreira da TAP descola de Casablanca, rumo a Lisboa. A bordo seguem, entre os passageiros, Amândio Silva, Camilo Mortágua, Fernando Vasconcelos, João Martins, Maria Helena Vidal e Hermínio da Palma Inácio. Consigo transportam milhares de panfletos, subscritos por uma Frente Antitotalitária dos Portugueses Livres no Estrangeiro e assinados por Henrique Galvão, em que se denuncia a farsa eleitoral que se realizaria dias depois.

No momento em que o “Super-Constellation” se aproxima de Lisboa, Palma Inácio entra no cockpit, armado, concretizando a “Operação Vagô”, concebida por Henrique Galvão que, em janeiro desse ano (1961), chefiara o grupo que tomara de assalto o Santa Maria. Vagô, o nome escolhido para esta Operação, era o nome da personagem principal do livro que Galvão escrevera anos antes na Prisão do Aljube, “Romance dos Bichos do Mato”, e que seria apreendido e destruído na gráfica, salvando-se apenas alguns exemplares.

O avião sobrevoa Lisboa e outros pontos do país, com o comandante José Sequeira Marcelino a comunicar à Torre de Controlo no Aeroporto de Lisboa que voava “sob coação”. Os panfletos são lançados por uma janela de emergência e o aparelho ruma a Tânger, onde aterra em segurança.De volta a Lisboa, o comandante Sequeira Marcelino é interrogado pela PIDE, por se suspeitar de envolvimento com os “piratas do ar”. Mas a verdade é que Marcelino não era sequer suposto estar naquele voo. Trocara para acompanhar Maria Luiza Infante, a hospedeira por quem estava perdido de amores e com quem haveria de vir a casar.Os assaltantes ficaram retidos em Marrocos cerca de uma semana, antes de serem autorizados a regressar ao Brasil, com trânsito por Dakar. Foi o primeiro assalto e desvio de um avião por motivos políticos, em Portugal.

Imagem: Diário de Lisboa, 10 novembro 1961

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