Herberto Helder
“A inocência é um estado clandestino na ditadura do mundo.”
Há 90 anos, #nestedia, nascia no Funchal o escritor Herberto Helder. Mudou-se para o continente ainda jovem, aqui tendo frequentado os cursos de Letras e de Filologia Românica.
Em Lisboa trabalhou como jornalista, bibliotecário, tradutor e apresentador de programas de rádio. Em 1958 envolve-se, também ele, na campanha de Humberto Delgado. Ao longo dos anos, colaborou em vários jornais e revistas e foi diretor literário da editorial Estampa, em 1969. Viajou por diversos países da Europa e, em 1971, trabalhou como repórter na revista angolana “Notícias”. Viveu ainda nos Estados Unidos da América e só depois do 25 de Abril de 1974 se fixou definitivamente em Portugal.
Reconhecido como um dos maiores poetas portugueses contemporâneos e um dos mentores da poesia experimental portuguesa, a sua obra “Apresentação do Rosto” surgiu em 1968, na Editora Ulisseia. Foi apreendida pela PIDE, que destruiu 1500 exemplares do livro, alegando “uma evidente carga de pornografia, o que não podia de forma nenhuma ser tolerado”. Só em julho deste ano, 2020, é que “Apresentação do Rosto” tornou a ser editada. “Um texto que se destina à consagração do silêncio, a gente já pensou tanto, já teve mãos por tantos lados, já dormiu e acordou – bom seria imaginar o espírito apaziguado, a reconciliação do pensamento com a matéria do mundo”, diz-nos o seu autor.
Em 1994 foi-lhe atribuído o Prémio Pessoa, que recusou e em 2007, foi proposto pelo PEN Club português para ser candidato ao Nobel da Literatura. Faleceu a 23 de março de 2015, aos 84 anos.