Candidatura de Humberto Delgado – uma jornada de resistência
“Obviamente, demito-o”.
Foi desta forma que, a 10 de maio 1958, Humberto Delgado, candidato da oposição às eleições presidenciais, respondeu na conferência de imprensa no Café Chave d’Ouro à pergunta: “Senhor General, se for eleito Presidente da República, que fará do Senhor Presidente do Conselho?”
A 14 de maio 1958, o candidato da oposição é entusiasticamente recebido no Porto por largos milhares de pessoas. A publicação de fotografias desse comício foi proibida nos jornais nos dias seguintes. Realizam-se outras manifestações na região do Porto e registam-se confrontos com a polícia, nomeadamente no regresso a Lisboa junto à estação de Santa Apolónia no dia seguinte.
Humberto Delgado nasceu #nestedia 15 de maio de 1906, em Boquilobo, Torres Novas. A sua candidatura à Presidência da República, em junho de 1958, abalou seriamente a ditadura, gerou uma gigantesca onda de apoio popular e uniu a oposição ao regime, após a desistência de Arlindo Vicente, candidato apoiado pelo PCP. O processo eleitoral traduzir-se-ia na mais completa fraude, com intimidações, proibição de fiscalização do ato eleitoral, falsificação de resultados e várias prisões de apoiantes de Humberto Delgado.
Em fevereiro de 1965, será vítima de uma emboscada e assassinado pela PIDE, juntamente com a sua secretária Arajaryr Campos, perto Badajoz.
Este ano, celebram-se os 117 anos do seu nascimento.