Sérgio Ribeiro

13 de Novembro de 2019 - 16h00
Auditório do Museu do Aljube
Sérgio Ribeiro

Ter sido preso político não está escrito no currículo de Sérgio Ribeiro. O que vai escrevendo, diz, é o que viveu. Não quer contar-se. Quer contar o que era a prisão, o que era a tortura do sono, estar perante o inimigo, o torturador. Diz que o facto de ter, ele e outros, estado preso não faz dele um herói. A passagem para a militância política deu-se com a entrada para um partido político, que estava na clandestinidade. Operava sob o pseudónimo de “Zeferino”. Era ao seu encontro que ia Dias Coelho quando foi assassinado. Uma data que Sérgio Ribeiro não esquece.
Antes de ser preso, já tinha ido várias vezes à PIDE. Mas no dia 17 de Maio de 1963, às primeiras horas da manhã, quando lhe bateram à porta de casa percebeu que a situação era agora diferente. Os sinais que tinha tido nos últimos dias assim o indicavam. Veio para o Aljube, que era então o local de depósito depois da passagem pela António Maria Cardoso e de feito o primeiro auto. A estada nos curros foi “como riscos na parede”. Lembra-se de ter medido o espaço de todas as maneiras… com os pés, em palmos, com os polegares, com papel higiénico – quando finalmente teve acesso a ele.
Recorda os interrogatórios, a tortura do sono e a tortura de pensar o que poderia ser, o que poderia acontecer. Chegou a ter alucinações. Mas não sabe dizer, ao certo, quantos dias e noites esteve sem dormir. Diz compreender quem, sob tortura, cedeu, mas não aceita. Procura compreender quem torturou. Não encontra respostas, mas também não tem ódio. Não teve nunca pavor de morrer sob tortura. Apenas de enlouquecer e de perder a lucidez.

Conversa conduzida por Ana Aranha.

Com a presença de alunos da Escola Secundária do Bocage, Setúbal.

Inscrições obrigatórias e, mediante os lugares existentes.

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