PIDE, Serviços Centrais, Registo Geral de Presos, liv. 99, registo n.º 19754 PT/TT/PIDE/E/010/99/19754. Arquivo Nacional Torre do Tombo

Venceslau Ferreira Ramos

(Avintes, Vila Nova de Gaia, 18.02.1916 — Porto, 22.05.1950)

Venceslau Ferreira Ramos nasceu a 18 de fevereiro de 1916 em Avintes, Vila Nova de Gaia, filho de Alfredo Ferreira Cerqueira e de Ana Costa Ramos. Era modelador na fábrica de cerâmica do Carvalhido e residia em Oliveira do Douro.

Membro do Partido Comunista Português (PCP), foi preso a 13 de maio de 1950, em Avintes, para averiguações por crimes contra a segurança do Estado.

Viria a morrer no dia 22 de maio de 1950 na sede da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) no Porto. Segundo o jornal Avante!, Venceslau Ramos, com 34 anos, terá sido espancado até à morte por agentes da PIDE. Como era habitual neste tipo de situações, a polícia política justificou o óbito com um suposto suicídio por enforcamento, proibindo a autópsia e impedindo qualquer presença no cemitério durante o funeral.

No mês janeiro de 1950, haviam já morrido Militão Ribeiro na Penitenciária de Lisboa e José Moreira, atirado de uma janela da sede da PIDE após sucumbir à violência da tortura. Em 1950, ano particularmente mortífero, são ainda assassinados Carlos Pato, após tortura na Prisão de Caxias, e Alfredo Lima, morto a tiro pela Guarda Nacional Republicana (GNR) em Alpiarça. As mortes de Venceslau Ramos, Militão Ribeiro ou José Moreira motivaram uma campanha de protestos do Movimento Nacional Democrático.

Os trabalhadores da fábrica onde trabalhava Venceslau Ramos, bem como de outras unidades fabris, terão abandonado o trabalho em homenagem a Venceslau e com o objetivo de marcar presença no seu funeral, que se constituiu como um momento de grande indignação e protesto.

Ficha prisional

Outros testemunhos