Vidas na Resistência – Fernando Vicente
Fernando Vicente, ex-preso político, membro do movimento ‘Não Apaguem a Memória’, estrutura fundamental na criação deste nosso Museu, foi o primeiro convidado de Ana Aranha, na abertura do novo ciclo de ‘Vidas na Resistência’.
Nascido em Lisboa, engenheiro de profissão, as lutas em que se envolveu no movimento estudantil, especificamente a participação numa Greve Geral, foram o início da participação política e fizeram com que fosse expulso da faculdade de Lisboa. Há um momento que não esquece. Perto do Tivoli, num 1.° de Maio, quando um polícia lhe encostou uma arma às costas, dando-lhe voz de dispersão.
5 dias e 5 noites sem dormir. 24 horas de pausa, coincidindo com o dia da visita. Seguiram-se 13 dias e 13 noites novamente sem dormir, 24 horas de descanso e, de novo, 13 dias e 13 noites sem dormir. Admite que é difícil, para quem não passou pelo mesmo, entender a situação. A superação dos primeiros cinco dias, os mais difíceis, reconhece, causou-lhe espanto. “Ou vai de maca para o manicómio, ou morre ou fala”, diziam-lhe nos interrogatórios. As datas das reuniões, o conteúdo e os locais, os nomes, a pertença ao Partido, o ser comunista. O grau das perguntas foi mudando, face à resistência. Foram ficando mais ténues. À tortura do sono, juntaram-se a estátua e espancamentos. Fernando Vicente resistiu. Sempre.