Caso da Capela do Rato
#Nestedia 30 de dezembro de 1972, um grupo de cristãos, a que se associariam não cristãos, organizou uma vigília de 48 horas na Capela do Rato, em Lisboa. O protesto começou depois da missa vespertina, com a leitura de um documento de intenções, que incluía uma greve de fome. A ideia era refletir sobre a situação da guerra colonial e debater formas de conseguir a Paz. Cá fora, não só em Lisboa, petardos espalham panfletos apelando à solidariedade com os grevistas da fome.
No dia seguinte, a mensagem é de novo transmitida à porta de várias Igrejas, enquanto lá dentro, na Capela do Rato, era aprovada uma moção repudiando a política do Governo de “prosseguir uma guerra criminosa com a qual tenta aniquilar movimentos de libertação das colónias” e denunciando a “cumplicidade da hierarquia da Igreja Católica face a esta guerra”. Ao final do dia, a vigília seria interrompida pelas forças policiais. Os participantes foram levados pelas autoridades para identificação, tendo alguns sido conduzidos a Caxias, onde permaneceram incomunicáveis. Os funcionários públicos presentes na vigília haveriam de ser alvo de processos de demissão.
Do comunicado divulgado a 7 de janeiro de 1973, constam a moção aprovada na Capela do Rato, bem como alguns extratos de um outro comunicado distribuído à população no dia 31 de dezembro de 1972.
As repercussões da vigília da capela do Rato levaram o Presidente do Conselho a intervir em público, reagindo num discurso na rádio e televisão. O assunto chegaria também à Assembleia Nacional, que o debateu ao longo de várias sessões.
Imagem: Comunicado divulgado a 7 de janeiro de 1973 (disponível em http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=07500.021.001#!1)