Unidade Estudantil, nº2, Terça – 26 de Janeiro de 1965, Fundação Mário Soares, AMS Arquivo Mário Soares.

Manifestação em frente à Prisão do Aljube

26 Janeiro 2021
Assalto da PIDE às instalações da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências. Fundação Mário Soares DAP – Documentos Artur Pinto (1965)

#Nestedia, 26 de janeiro de 1965, teve lugar em frente à prisão do Aljube uma manifestação exigindo a libertação dos estudantes ali presos. No exterior, familiares e outros estudantes gritavam “Liberdade para os estudantes”, “Liberdade para os presos políticos” e “Abaixo a PIDE”. Inevitavelmente, a manifestação foi violentamente reprimida pela Polícia de Choque. 

A detenção dos estudantes acontecera a 21 de janeiro. Cerca de meia centena de dirigentes estudantis haviam sido presos na Universidade de Lisboa, acusados de atividades subversivas e encarcerados nos curros do Aljube. A PIDE conseguia de um só golpe decapitar o essencial da organização do PCP na Universidade de Lisboa, após denúncias feitas por um dirigente estudantil à PIDE. No dia seguinte, 22 de janeiro, comemorava-se o Dia da Universidade e a intervenção do reitor haveria de ser interrompida pela voz de uma mãe dizendo “Libertem o meu filho”, seguida de gritos de “Liberdade para os estudantes presos”. 

A crise de 1965, centrada sobretudo na luta pela libertação dos presos, ficou algo secundarizada ante as lutas de 1962 e 1969. O ano de 1965 seria fértil em protestos, greves, episódios como o encerramento de associações de estudantes e lutas estudantis várias. É na sequência das lutas de 1965 que vários estudantes são expulsos da Universidade e outros obrigados a partir para o exílio. Na memória de todos eles terá ficado o ato do colega, que partira as lentes dos óculos para as engolir de seguida, a prisão de alunos liceais, o jovem de apenas 15 anos entregue à PIDE após julgamento sumário e globalmente a violência da tortura que se abatera sobre muitos jovens. 

A repressão da manifestação em frente ao Aljube desdobrou-se em perseguição e violência policial pela Baixa lisboeta. Meses depois, em julho/agosto de 1965, na sequência de crescentes protestos nacionais e internacionais contra as condições de detenção ali praticadas, a cadeia política do Aljube seria encerrada. Mas essa história, contamos mais tarde.  

No Centro de Documentação do Museu do Aljube, estão disponíveis depoimentos de muitos dos participantes na Crise Académica de 1965. 

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