Largo de Alcântara. 1939. PT/AMLSB/POR/058667. Arquivo Municipal de Lisboa

Alfredo Ruas [ou José Ruas Ferreira]

(Arcos de Valdevez, 1908 — Lisboa, 04.09.1932)

São várias as incertezas sobre Alfredo Ruas. Sabe-se, porém, que foi assassinado numa manifestação em Alcântara em 1932.

As dúvidas começam logo em torno do nome. No Cadastro Político da Polícia Internacional Portuguesa (PIP) o nome que consta é José Ruas Ferreira e não Alfredo Ruas. Já a data inicial da morte inscrita é de 27 de setembro, sendo, posteriormente, antecipada para dia 4 do mesmo mês.

Alfredo Ruas nasceu em Arcos de Valdevez no ano de 1908, filho de Clara das Dores Ferreira e de Manuel Cerqueira Ruas. Residia no Porto, onde trabalhava como padeiro, e tinha como vizinho o militante comunista José Silva, autor de Memórias de Um Operário. Desde 1927 que teria ligações ao Partido Comunista Português (PCP) e ao Socorro Vermelho Internacional (SVI).

Foi preso a 15 de abril de 1931, pela Delegação do Porto da Polícia Internacional Portuguesa. Motivo: «Estar envolvido no movimento revolucionário e por ser um elemento avançado». É libertado no dia 28.

Foi preso novamente a 4 de março de 1932, «por pertencer ao Socorro Vermelho Internacional e Partido Comunista Português», por exercer «o lugar de vogal nas Juventudes Comunistas» e por ser «o organizador da Zona n.º 2 do Socorro Vermelho Internacional, tendo aliciado diversos indivíduos, na sua maior parte padeiros».

Seguiu para Lisboa e, por despacho do ministro do Interior, de 22 de junho desse ano, foi-lhe fixada residência obrigatória em Peniche, para onde seguiu em 9 de agosto e de onde se evadiu.

Dias depois, a 4 de setembro de 1932, Alfredo Ruas participa na referida manifestação e comício-relâmpago organizados pela Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas no Largo de Alcântara, em Lisboa para celebrar o Dia da Juventude, em que um dos oradores fora Francisco Paula de Oliveira (Pavel).

Durante os tumultos, Alfredo Ruas é alvejado e, sob prisão «por haver suspeitas do epigrafado ter sido um dos provocadores dessa
desordem e ter feito uso da sua arma de fogo», dá entrada no Hospital de São José, onde acabará por morrer. Tinha 24 anos.

Outros testemunhos