Diário de Lisboa, 7 de agosto de 1936 Pasta: 05762.026.06219 Fundação Mário Soares e Maria Barroso/ Diário de Lisboa/Ruella Ramos

Manuel Pestana Garcês

( — Funchal, Madeira, 1936)

Manuel Pestana Garcês era vendedor ambulante e estaria ligado ao Partido Comunista Português (PCP), desconhecendo-se a data de nascimento e o essencial da sua biografia.

Manuel Pestana Garcês participou na «Revolta do Leite», na Ilha da Madeira, em agosto de 1936, importante revolta popular contra o Decreto-lei n.º 26655, de 4 de junho de 1936, que criava a Junta Nacional dos Lacticínios da Madeira (JNLM), impondo regras draconianas e de consequências danosas para os produtores de leite, ao estabelecer, na prática, o monopólio na indústria dos lacticínios, através da criação da JNLM.

A repressão será brutal e implacável, com centenas de prisões, vários feridos e seis ou sete mortos. Em outubro de 1936 vários dos envolvidos na revolta são deportados para a Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo, nos Açores, e para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.

As mulheres madeirenses tiveram grande destaque nesta luta e serão também elas vítimas da ferocidade do regime, de múltiplas humilhações e torturas. Algumas delas serão enviadas para o Continente, julgadas e condenadas em Tribunal Militar Especial e encarceradas na «Cadeia das Mónicas» em Lisboa.

Manuel Pestana Garcês morreria no Funchal em 1936, na Prisão do Lazareto, conhecida como o «Forno», onde os presos se amontoavam sem condições num espaço de pequenas dimensões sobrelotado.

Outros testemunhos