Projeto Centro de Documentação do Tarrafal

30 de Março de 2023 - 17h00
AUDITÓRIO DO MUSEU DO ALJUBE

No dia 30 de março, pelas 17h, acolhemos a apresentação do projeto do “CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DO TARRAFAL”, no Museu do Aljube Resistência e Liberdade.

Intervenções de Helena Pato, Alfredo Caldeira e João Esteves

Participação das entidades parceiras: Associação Tchiweka de Documentação, Angola, INEP-Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, Guiné-Bissau, Fundação Amílcar Cabral, Cabo Verde.

Encerramento: Rita Rato

No dia 1.º de maio de 2024 assinalam-se 50 anos sobre a libertação do Campo de Concentração do Tarrafal/Campo de Trabalho de Chão Bom.

Criado em 23 de abril de 1936 (Decreto-lei n.º 26 539), a colónia penal instalada no Tarrafal da Ilha de Santiago, em Cabo Verde, ocupava uma área inicial de cerca de 1 700 hectares, com uma lotação prevista de 500 presos, destinando-se a “presos políticos e sociais”.

Tendo sido mantido em funcionamento até 1954, por aí passaram cerca 360 deportados, na sua maioria de nacionalidade portuguesa, dirigentes comunistas e anarcossindicalistas e militantes operários que se haviam destacado, em especial, na Greve Revolucionária de 18 de janeiro de 1934 e na Revolta dos Marinheiros de 8 de setembro de 1936. Morreram, por falta de assistência e maus tratos, 32 presos.

Depois crismado de “Campo de Trabalho de Chão Bom”, o Tarrafal viria a ser reaberto em 17 de junho de 1961 (Portaria n.º 18 539), acolhendo um total de 227 presos (107 de Angola, 100 da Guiné-Bissau e 20 de Cabo Verde), militantes nacionalistas dessas três ex-colónias, pertencentes a diversos movimentos políticos. Morreram 4 dos presos encarcerados nesta 2.ª fase do Campo.

O Tarrafal constituiu, ao longo de cerca de 40 anos, o símbolo maior da repressão exercida pelo regime ditatorial no nosso país e nas ex-colónias, sem prejuízo dos múltiplos outros campos de concentração espalhados por diferentes territórios, os “cárceres do Império” – a que muitos milhares de presos foram sujeitos.

Apesar disso, não têm sido tomadas medidas suficientes1 para preservar as próprias instalações do Tarrafal e a sua história. E, sobretudo, a memória de quantos aí sofreram o encarceramento e, em alguns casos, a morte.

Publicaram-se, é certo, múltiplas peças memorialísticas, alguns estudos académicos, mas não existe, até hoje, o que se configura como um centro de documentação sobre o Tarrafal. E, no entanto, conhece-se muito material por explorar, muita informação por sistematizar.

É o que se pretende organizar através deste projeto.

1. Principais objetivos:

a) Criar um Centro de Documentação em suporte digital sobre o Campo de Concentração do Tarrafal/Campo de Trabalho de Chão Bom;

b) Editar um Dicionário dos Presos do Campo de Concentração do Tarrafal/Campo de Trabalho de Chão Bom.

2. Equipas e colaborações:

  • Coordenação: Alfredo Caldeira, Helena Pato e João Esteves.
  • Colaboradores: Maria da Conceição Neto, Julião Soares Sousa, Vítor Barros.
  • Parcerias já estabelecidas: Associação Tchiweka de Documentação, Angola, INEP-Instituto Nacional de Investigação e Pesquisa, Guiné-Bissau, e Fundação Amílcar Cabral, Cabo Verde.

[1] A principal exceção constituiu a organização do Simpósio no próprio Campo, em 2009, e a organização de uma exposição sobre as suas duas fases, sob o patrocínio do então Presidente da República de Cabo Verde, Comandante Pedro Pires. Essa exposição viria, no entanto, a ser destruída alguns anos depois.

Outros eventos

«Duas peças em Estado Novo»
DUAS PEÇAS EM ESTADO NOVO inclui Uma Reputação, da autoria da dramaturga britânica Susannah Finzi, seguida de Partida ou a Mulher sem Medo, de Armando Nascimento Rosa.
18 a 20 de Outubro de 2024
Visita o Aljube! Com LGP
A Visita Orientada do mês de setembro à exposição longa duração do Museu do Aljube Resistência e Liberdade
28 de Setembro de 2024 - 10h30
Inauguração da exposição “POMAR – Ó Liberdade chamei-te”
Uma co-produção Museu do Aljube Resistência e Liberdade e o Atelier-Museu Júlio Pomar.
25 de Setembro de 2024 - 16h00
Leia Mulheres sobre Tânia Ganho
O Museu do Aljube volta a acolher a próxima sessão do clube, que é dedicada à autora Tânia Ganho.
22 de Setembro de 2024 - 15h00