Campo do Vale do Cavaco. Benguela, 1970. Still de “Terra (In)submissa”. © PT, AHU

Terra (In)submissa

23 de Fevereiro a 31 de Março de 2023

Vídeo-Instalação artística de Bruno Moraes Cabral e Kiluanji Kia Henda

Relatórios oficiais inéditos sobre os estabelecimentos prisionais portugueses em Angola e Moçambique revelam condições de detenção desumanas. Com o advento das lutas independentistas, o regime lança grandes empreendimentos para criar novos estabelecimentos modelo, mas neles famílias inteiras são reclusas e forçadas ao trabalho. Esta vídeo-instalação também reflete, de forma mais poética, sobre a ideia de liberdade e resistência. Uma narração fictícia intemporal, que cria um contraponto com as imagens de arquivo e a sua dimensão histórica. Uma obra de Kiluanji Kia Henda e Bruno Moraes Cabral sobre a privação de liberdade mais extrema da época colonial e, ao mesmo tempo, a ficção como o derradeiro espaço de resistência.

Os autores

Bruno Moraes Cabral, nascido em 1980, é produtor e realizador de filmes. Especialmente dedicado ao documentário, o seu trabalho em cinema e televisão procura colocar questões importantes sobre a História, a sociedade contemporânea e as suas mutações.
Fundou em 2011 a Garden Films, onde produziu e realizou o premiado documentário Praxis, as séries para a RTP História a História e História a História – África, e produziu Hasta que Muera el Sol de Claudio Carbone. Em 2020 funda a Wonder Maria, com João Nuno Pinto, Andreia Nunes e Fernanda Polacow, onde passa a desenvolver projetos de ficção e de documentário de âmbito internacional, com foco especial no Brasil e em África.

Kiluanji Kia Henda, nascido em Angola em 1979, é um autodidata que foi catapultado para o mundo da arte por ter crescido numa casa de entusiastas da fotografia. A sua acutilância conceptual foi aguçada durante uma fase em que se dedicou à música, ao teatro de vanguarda e a colaborações comum colectivo de artistas emergentes da cena artística de Luanda.
Os trabalhos cinematográficos de Kia Henda já foram exibidos, na 49ª edição do Festival de Rotterdam (IFFR), e no Festival Internacional de Curtas-Metragens de Pequim (BISFF), e já participaram em ciclos de cinema tais como:! Close-Up Cinema, Concrete Futures (London, 2017); Tate Liverpool, Another Day of Life, (Liverpool, 2017); Tate Modern, Uniqlo Tate Lates, 2020; Haus der Kulturen der Welt (HKW), CC to the World:, (Berlin, 2020); Centre Georges Pompidou, Chine – Afrique, (Paris, 2020).
O artista participou também em exposições coletivas em numerosas instituições, entre as quais o Barbican Art Center (Londres, 2020), o Migros Museum (Zurique, 2020), o Centre Georges Pompidou (Paris, 2020), o Zeitz MOCAA (Cidade do Cabo, 2019), a Tate Modern (Londres, 2019), o MAAT (Lisboa, 2018), o National Museum of African Art – Smithsonian Institution (Washington D.C., 2015) e o Museo Guggenheim (Bilbau, 2015). O seu trabalho foi exposto na Bienal de Gwangju (2018), Bergen Assembly (2013), Bienal de São Paulo (2010), Bienal de Veneza (2007) e Trienal de Luanda (2007). Em 2017, foi-lhe atribuído o prémio Frieze Artist Award e em 2019 foi selecionado para o projeto Unlimited Basel.
Apresentou o seu trabalho The Fortress no pátio da Somerset House (Londres), 2019 o artista ganhou ainda o Prémio Nacional de Cultura e Artes de Angola em 2012 e em 2014 foi selecionado entre 100 Leading Global Thinkers pela prestigiada revista norte-americana Foreign Politics.