Uliano Lucas

REVOLUÇÕES: Guiné-Bissau, Angola e Portugal (1969-1974)

fotografias de Uliano Lucas

Curadoria: Elisa Alberani, Miguel Cardina e Vincenzo Russo

REVOLUÇÕES de Uliano Lucas é a história de uma viagem feita de várias viagens. As 56 fotos aqui reunidas são apenas uma amostra do vasto acervo de imagens realizadas pelo fotógrafo italiano.
A exposição está dividida em três partes que correspondem aos três espaços fotografados por Uliano Lucas entre 1969 e 1974: a primeira secção Guiné-Bissau, 1969 reúne algumas das fotos realizadas na missão nas “zonas libertadas” da Guiné a pedido do PAIGC; a segunda seção, Angola, 1972, inclui imagens da vida quotidiana dos guerrilheiros e das guerrilheiras do MPLA; a terceira e última seção intitula-se Portugal, 1972 e 1974 retratando aspetos da vida quotidiana do país no período derradeiro da ditadura (1972) e os dias de festa da Revolução (1974).

As fotografias de Uliano Lucas são expostas pela primeira vez em Portugal: e não há ocasião mais propícia que o ano de 2023, em que o país se prepara para celebrar os cinquenta anos da Revolução dos Cravos e Angola, Guiné, Cabo Verde São Tomé e Moçambique se preparam para comemorar as suas independências.

Uliano Lucas (1942) nasce e cresce em Milão, onde estuda nos colégios da ‘Rinascita’ e, desde muito jovem, frequenta o ambiente de artistas e intelectuais do bairro de Brera. Nas suas primeiras fotografias, o protagonista é a cidade de Milão, em particular a vida artística (de escritores, músicos, pintores) entre os anos ‘60 e ‘70. O ano de 1968 será fundamental para o fotojornalista italiano, pois emerge a importância do compromisso político que ele nunca abandonará, compromisso que se reflete nas reportagens que retratam os problemas e as realidades daqueles anos, como os protestos estudantis e operários. Os anos seguintes são marcados por reportagens sobre os movimentos de libertação: o fotógrafo parte frequentemente, por iniciativa própria, para o continente africano e os seus trabalhos são publicados em revistas alemãs e francesas, já que em Itália – com algumas exceções, como L’Espresso ou Vie Nuove – nenhum jornal estava particularmente interessado em publicar imagens desse tipo: fotos certamente políticas, que retratam a guerrilha, o quotidiano na floresta, a luta pela liberdade, o nascimento de novas democracias. Será exatamente neste período, e mais precisamente no verão de 1969, que Uliano Lucas, juntamente com o jornalista Bruno Crimi (1939-2006), empreende uma viagem às zonas libertadas da Guiné-Bissau. A reportagem realizada nesta experiência será publicada em diferentes jornais (salienta-se, nomeadamente, a publicação no semanário Vie nuove) e no livro, publicado em 1970, intitulado Guinea Bissau: una rivoluzione africana, pela editora Vangelista de Milão – com textos de Bruno Crimi e fotos de Uliano Lucas.