PIDE, Serviços Centrais, Registo Geral de Presos, liv. 39, registo n.º 7725 PT/TT/PIDE/E/010/39/7725, Arquivo Nacional Torre do Tombo

Jacinto Estêvão de Carvalho

(Alenquer, 16-07-1908 – Lisboa, 25-07-1938)

Jacinto Estêvão de Carvalho, filho de Estevão de Carvalho e de Delfina da Conceição, nascera na Abrigada, Alenquer, a 16 de julho de 1908. Residia na Picheleira, em Lisboa, onde trabalhava como jornaleiro e servente. Analfabeto e com várias detenções por desordem e furtos, Jacinto Carvalho foi apresentado pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) como um dos responsáveis pela bomba colocada na Avenida Barbosa du Bocage, em Lisboa, com o objetivo de matar o presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar, no dia 4 de julho de 1937.

A pressão para que a polícia política apresentasse resultados, as precipitações e a incompetência levarão à captura de um conjunto de homens, designados como «grupo terrorista do Alto do Pina», que são acusados de ser os organizadores do atentado. Não obstante a violência policial ter conseguido arrancar falsas declarações aos elementos do alegado grupo que, em resultado das torturas e em desespero se acusarão entre si, o decorrer da investigação policial comprovará nada terem a ver com o atentado, cujos autores eram afinal outros.

No entanto, tal não impediu que Jacinto Estêvão de Carvalho acabasse por perder a vida na sequência de todo este processo. Foi preso pela PVDE a 7 de agosto de 1937, para averiguações, numa taberna perto da Avenida do Brasil, seguindo para a Prisão do Aljube. No dia 12, segue para a sede da polícia política e, no dia 23, para a Penitenciária de Lisboa. Será sujeito a brutais interrogatórios e espancamentos. É amordaçado, chicoteado, agredido com cavalo-marinho e uma tábua.

De acordo com o Registo Geral de Presos, terá sido libertado no dia 25 de julho de 1938, cerca de um ano depois da sua prisão. Porém, essa é a data da sua morte, aos 30 anos, pelo que terá sido morto durante a detenção pela PVDE, que ocultou o óbito com o simulacro da sua restituição à liberdade.

Ficha prisional

Outros testemunhos