Júlio Oliveira e Silva e Maria Etelvina Rosa

Biografia

Júlio Oliveira e Silva, operário vidreiro, nasceu em 1932 na Marinha Grande. O pai, Pedro da Silva, estivera envolvido no 18 de Janeiro de 1934. Aos 3 anos, Júlio encontra um revólver que pertencera ao pai, escondido desde essa data.

Começou a trabalhar aos 9 anos numa fábrica de vidro e, ainda muito jovem, participa numa greve em protesto contra o atraso na entrega, pela entidade patronal, das alpercatas necessárias ao trabalho. Milita desde jovem no Partido Comunista Português (PCP). Era colega de trabalho do operário vidreiro António Lopes Almeida, assassinado pela PIDE em 1949.

Em 1974, os vidreiros revindicam o aumento de 100 escudos para todos os trabalhadores. Em resposta à recusa do patronato em discutir a proposta, Júlio Oliveira e Silva defende a paralisação do trabalho num plenário de operários vidreiros no Sport Império Marinhense. No dia seguinte, 16 de março de 1974, começava a greve, em que as mulheres desempenham um papel decisivo, que obrigará o patronato a ceder ao fim de três dias. Os 100 escudos não são conseguidos, mas garante-se os 60 escudos. PSP e PIDE/DGS ocupam os pontos fundamentais da Marinha Grande e acompanham todo o processo de luta, mas o golpe de 16 de março e o 25 de Abril farão com que a PIDE/DGS não detenha os dirigentes da greve, entre eles Júlio Oliveira e Silva.

Depois do 25 de Abril integra o Sindicato dos Vidreiros e fomentará lutas pelo contrato coletivo de trabalho e a criação de um sindicato vidreiro nacional.

Maria Etelvina Lopes Rosa Ribeiro nasceu em 1956 na Marinha Grande. Tal como os pais, avós e tios, era operária vidreira. Começou a trabalhar na Fábrica Manuel Pereira Roldão aos 18 anos, no dia 18 fevereiro de 1974. Cerca de um mês depois, a 16 de março, participa na greve da indústria vidreira, em que as mulheres terão um papel decisivo, desencadeada após um plenário fortemente concorrido no Sport Império Marinhense. Reivindicava-se o aumento de 100 escudos para todos os trabalhadores. A greve obrigará o patronato a ceder. Ao fim de três dias de greve, o aumento de 100 escudos diários não foi alcançado, mas os trabalhadores conseguem o de 60 escudos. PSP e PIDE/DGS ocupam os pontos fundamentais da Marinha Grande e acompanham toda a luta, mas não farão prisões entre os grevistas devido ao golpe falhado de 16 de Março e ao 25 de Abril.

Maria Etelvina entrou para o Partido Comunista Português (PCP) em 1980, vindo a integrar o seu Comité Central. Trabalhou durante 20 anos na Fábrica Manuel Pereira Roldão e envolveu-se nas grandes lutas em defesa dos postos de trabalho. Foi responsável da célula do partido naquela empresa. Desempenhou funções nos sindicatos ligados à indústria vidreira, na Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) ou no Movimento Democrático de Mulheres (MDM). Em 2013 foi eleita pela Coligação Democrática Unitária (CDU) para a Assembleia Municipal da Marinha Grande.

Data de Recolha: 06.12.2017

Palavras – Chave: Operários vidreiros da Marinha Grande, Sindicalismo, Família, Trabalho infantil, PIDE, Movimento de 18 de janeiro de 1934, Greves, Prisão do Aljube, Tortura, Peniche.

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