Raimundo Narciso e Ramiro Morgado

Nome: Raimundo Narciso e Ramiro Morgado

Data de Recolha: 26.01.2017

Biografias

Raimundo Pedro Narciso nasceu em Torres Vedras a 18 de junho de 1938. Frequentou o curso de engenharia eletrotécnica, no Instituto Superior Técnico, entre 1956 e 1964, interrompido, primeiro, para cumprir o serviço militar e, depois, para entrar na clandestinidade em 1964. Passa por Praga, Moscovo, onde reúne com Álvaro Cunhal, e Cuba, onde tem formação militar. Com Rogério de Carvalho preparou a criação, no âmbito do Partido Comunista Português (PCP), da Ação Revolucionária Armada (ARA), estrutura clandestina responsável pela realização de ações armadas contra a ditadura e o aparelho logístico da guerra colonial, surgida em 1970. Com Jaime Serra e Francisco Miguel, integrou o seu comando central e dirigiu a execução de 13 das suas 15 ações armadas que tiveram sempre a preocupação de não atingir pessoas.

Até ao 25 de Abril viveu na clandestinidade com Maria Machado. Juntos tiveram uma filha e um filho, a última criança nascida na clandestinidade.  Teve responsabilidades no setor militar do PCP. Foi membro do Comité Central entre 1972 e 1988. Em 1987 inicia um processo de rotura com o partido, sendo expulso em 1991.

Entre 1995 e 1999, foi deputado independente nas listas do Partido Socialista (PS), ao qual aderiu em 1998. Publicou livros, nomeadamente sobre a ARA, e esteve na fundação do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória (NAM), do qual foi presidente da direção, e participou ativamente na luta pela criação do Museu do Aljube.

Ramiro Rodrigues Morgado nasceu a 12 de abril de 1940 em Manique do Intendente, Azambuja. Em 1958 liga-se ao Partido Comunista Português (PCP). Em 1962, participa na conspiração da Revolta de Beja mas sem tomar parte nas operações militares. Seguir-se-iam dois anos de serviço militar em Moçambique, onde faz agitação anticolonial. Foi operário na fábrica de armamento de Braço de Prata e, depois, na Dialap. Fazia trabalho de propaganda nos bairros operários da zona oriental de Lisboa e estimulou várias lutas dos trabalhadores. Em julho de 1970, com a mulher, Emília Morgado, integrou a Ação Revolucionária Armada (ARA), estrutura clandestina de ação armada do PCP. Participou em várias ações, como a destruição do navio Cunene, em 1970, ou a sabotagem da Base Aérea de Tancos, em 1971. Foi preso a 28 de março de 1973. Passou pela cadeia de Caxias e, como punição, pelo anexo psiquiátrico da Cadeia Penitenciária de Lisboa. Esteve cerca de três meses em isolamento e foi brutalmente torturado, o que deixou sequelas, como a paralisia parcial do lado direito.

Após o 25 de Abril, seria libertado do Forte de Caxias, não obstante a oposição do general Spínola à libertação dos elementos ligados à luta armada. Retomaria o seu trabalho na Dialap. No PCP tinha responsabilidades na ligação aos militares, integrando armado uma das companhias que defendia o RALIS durante a tentativa de golpe de 11 de Março de 1975.

Abandonaria o PCP em 1990 e tornar-se-ia militante do Bloco de Esquerda. Ramiro Morgado morreu no dia 17 de abril de 2023, aos 83 anos.

Palavras-Chave: Luta Armada, ARA – Ação Revolucionária Armada, Clandestinidade, Guerra Colonial, PCP.

Ver testemunho na íntegra

Outros testemunhos