Livro de Cadastrados. PT/TT/PVDE/Policias-Anteriores/3/NT/8903. Arquivo Nacional Torre do Tombo

Manuel Robalo Elvas

(Penamacor, 1884 — São Nicolau, Cabo Verde, 1942)

Manuel Robalo Elvas, filho de Maria Lopes Gonçalves e Manuel Robalo Elvas nasceu em Penamacor, no ano de 1884. Vivia em Lisboa e era funcionário público.

Durante os anos da I República, em que desempenhava funções de Guarda Fiscal, terá estado envolvido em algumas ações de índole política e insurrecional e participou na Revolução de 14 de maio de 1915, durante a qual terá matado a tiro um guarda da Polícia de Segurança Pública (PSP). Foi preso e condenado a vinte e cinco anos, mas escapará da Penitenciária de Lisboa com o apoio de um grupo de civis armados.

Segundo o Cadastro Político da Polícia Internacional Portuguesa, esteve também envolvido nos acontecimentos de 19 de outubro de 1921, a «Noite Sangrenta».

A 15 de novembro de 1927, Manuel Robalo Elvas foi preso «por ter tomado parte no movimento revolucionário de 7 de Fevereiro, sendo um elemento perigoso não só por professar ideias avançadas, mas pelos maus instintos que revelou no 14 de Maio», e deportado para Timor a 22 do mesmo mês.

A 20 de outubro de 1930 apresentou-se no Quartel-General do Governo Militar da Madeira e, talvez por ter participado na Revolta de 1931, seguiu para Cabo Verde, onde permaneceu até falecer em novembro de 1942, não tendo sido abrangido pela amnistia de 5 de dezembro de 1932. Tinha 58 anos.

Em fevereiro de 1937, o Administrador do concelho da Ilha de São Nicolau (Cabo Verde) havia apresentado na Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) dois atestados abonando a favor do regresso de Manuel Robalo Elvas a Portugal, «comprovando que, contra o epigrafado, nada existe no registo policial daquela Administração, nem consta qualquer facto em seu desabono e ainda que nunca manifestou, por qualquer forma, ideias avançadas». No entanto, o pedido é indeferido e o regresso de Manuel Robalo Elvas recusado «por ser um elemento perigoso».

O longo período de deportação em Timor, Madeira e Cabo Verde, sem direito a amnistia ou permissão para regressar ao Continente, terá sido, então, uma retaliação pelas suas ações, sobretudo, durante o período republicano.

Outros testemunhos