PIDE, Serviços Centrais, Registo Geral de Presos, liv. 11, registo n.º 2045 PT/TT/PIDE/E/010/11/2045. Arquivo Nacional Torre do Tombo

Rafael Tobias Pinto da Silva

(Lisboa, 14.12.1910 — Tarrafal, Ilha de Santiago, Cabo Verde, 22.09.1937)

Rafael Tobias Pinto da Silva, filho de Elisa da Silva e de Júlio Cândido da Silva, nasceu a 14 de dezembro de 1910, em Lisboa, onde trabalhava
como relojoeiro. Terá tido ligações ao movimento libertário e aderido depois ao Partido Comunista Português (PCP).

Envolvido desde jovem em atividades políticas, em 1932 integrava os Grupos de Defesa Académica e o seu secretariado, cabendo-lhe assegurar a ligação destes Grupos com o Comité Local de Lisboa do PCP. Participou ainda na organização do Comité de Zona n.º 2 do PCP e na impressão de manifestos clandestinos.

Enquanto membro dos Grupos de Defesa Académica, é preso a 9 de março de 1934 integrando um grupo de manifestantes que distribuía «manifestos clandestinos» e percorria «a Rua da Escola Politécnica dando gritos subversivos», com «cartazes com palavras ofensivas para a atual Situação Política do País». É-lhe apreendida uma pistola e seis cartuchos, bem como selos destinados a financiar os Grupos de Defesa Académica. A 19 de maio de 1934, é transferido para a Prisão de Peniche, sendo libertado a 23 de agosto desse ano. Volta a ser detido a 7 de novembro de 1935. Depois de dar entrada numa esquadra, é colocado na Prisão de Peniche em 27 de dezembro de 1935 e seguirá para a Prisão do Aljube a 24 de março de 1936. Foi julgado pelo Tribunal Militar Especial a 3 de abril e, apesar de absolvido, continuou preso à ordem da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE).

Rafael Tobias Pinto da Silva requererá uma amnistia a 4 de junho de 1936, mas acabará por ser enviado para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, onde chegou em outubro, no primeiro grupo de presos para ali deportado e encarcerado.

O mês de setembro de 1937 será particularmente mortífero no também designado «Campo da Morte Lenta». Entre os dias 20 e 24, morrerão seis presos políticos ali detidos, vítimas das condições desumanas e da «febre biliosa». Rafael Tobias Pinto da Silva morrerá no dia 22 de setembro de 1937 num estado de grande sofrimento, após ter sido levado para a morgue ainda com vida. Tinha 26 anos.

Ficha prisional

Outros testemunhos