PIDE, Serviços Centrais, Registo Geral de Presos, liv. 62, registo n.º 12321 PT/TT/PIDE/E/010/62/12321. Arquivo Nacional Torre do Tombo

Senén Vásquez Albela

(Vigo, 12-11-1913 — Lisboa, 1956)

Senén Vásquez Albela, filho de José Vásquez Lopez e Francisca Albela Gonzalez, nasceu em Vigo a 12 de novembro de 1913. Ex-sargento do Exército espanhol, residia na zona do Porto e de Espinho.

Foi preso, pela primeira vez, a 27 de maio de 1939 para averiguações por imigração clandestina. De acordo com a documentação da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), teria entrado clandestinamente em Portugal, onde se fixara temporariamente enquanto aguardava embarque para o estrangeiro. Senén terá dado a entender a esta polícia ser súbdito mexicano e haver fugido de Espanha para acompanhar os irmãos José e Pedro Vásquez Albela, afirmando ainda ser fiel à causa nacionalista desde o início do movimento, como sargento dos Caçadores de África. Na verdade, os três irmãos terão abandonado Espanha com o golpe nacionalista de julho de 1936, ao qual se opunham declaradamente. O seu irmão José era membro da Unión General de Trabajadores (UGT) e quando foi preso tinha documentação falsa mexicana com o nome «Manuel García».

A 28 de julho de 1939, Senén é expulso do território português e abandona o país pela fronteira com a Galiza em São Gregório. Pouco depois, regressa a Portugal e é preso a 19 de maio de 1940 em casa de Cândido Vieira da Silva, «O Pimenta», em Espinho, para averiguações. Foi colocado à disposição do Tribunal Militar Especial pela alegada participação, juntamente com os irmãos José e Pedro e onze portugueses ligados ou próximos do Partido Comunista Português (PCP), no chamado «crime do Bonjardim» no Porto, em que foi assassinado o proprietário António da Silva Freitas Gonçalves.

Um dos seus irmãos, José, era acusado da autoria do crime, enquanto outros elementos, como Senén, teriam dado apoio à ação. A maioria, senão mesmo a totalidade, dos condenados eram socialistas e comunistas opositores da ditadura portuguesa, pelo que o episódio foi entendido como uma manobra da polícia política para incriminar estes antifascistas.

Transferido para a Prisão de Caxias, Senén Vásquez Albela foi condenado em 1941 pelo Tribunal Militar Especial a oito anos de prisão celular, seguida de vinte anos de degredo em possessão de 1.ª classe. Seguiu para a Cadeia Penitenciária de Lisboa em maio de 1941 para cumprimento de pena, onde viria a morrer em 1956, com 43 anos.

Os irmãos, José e Pedro, igualmente condenados em março de 1941 e libertados em fevereiro de 1960, depois de cumprirem pena foram expulsos do território nacional e interditos de entrar em Portugal. No exílio mantiveram-se ativos opositores da ditadura franquista, sobretudo o primeiro.

Ficha prisional

Outros testemunhos