50 anos do Ano Internacional da Mulher — “Igualdade, Desenvolvimento e Paz”
“A Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM) foi autora da proposta de declaração do Ano Internacional da Mulher (AIM), aceite, em 1972, pelas Nações Unidas, para a sua realização, em 1975.
A Conferência Mundial do Ano Internacional da Mulher foi a primeira conferência das Nações Unidas sobre o estatuto das mulheres, acontecimento com grande repercussão em todo o mundo.
Nesse ano de 1975, Portugal encontrava-se em pleno processo revolucionário, e as mulheres souberam tomar nas suas mãos a construção de uma sociedade mais justa, sem guerras, lutando pelos seus direitos, e dando um contributo inestimável para o desenvolvimento e progresso do país.
O MDM aderiu com entusiasmo à resolução da ONU, ratificada pelo III Governo Provisório, de Vasco Gonçalves, cujos temas fundamentais eram: a igualdade, a paz e o desenvolvimento, tendo participado em vários encontros e conferências da FDIM de preparação das duas conferências mundiais. O MDM agarrou a oportunidade para congregar muitas mulheres e organizações dos mais diversos sectores da sociedade para em torno desses objectivos promover múltiplas actividades em Portugal.
Passados 50 anos do AIM, metade da população mundial de refugiados é constituída por mulheres e raparigas, há milhões a viverem em pobreza extrema, a não terem acesso à saúde, à educação, à habitação, a serem escravizadas e a sofrerem outras formas de violência.
Em Portugal, todos os dias, as mulheres enfrentam obstáculos que limitam as suas vidas, no trabalho, no acesso à saúde sexual e reprodutiva, à habitação, à protecção social, à sobrecarga dos cuidados, em situações vexatórias e humilhantes, na vida cultural e política.
Neste novo ciclo político, de ascenso e consolidação da direita e de forças mais reaccionárias e antidemocráticas, há justos receios e inquietações sobre o avanço dos retrocessos e de ferozes ataques aos valores de Abril. No futuro imediato, há um elevado risco da liberdade e a democracia económica, social cultural e participativa, sofrerem fortes ataques, colocando-se, por isso e também às mulheres, a necessidade de reforçar o movimento de resistência a políticas contrárias aos princípios e direitos consagrados na Constituição da República Portuguesa.
Hoje, com igual entusiasmo lutamos para não permitir mais retrocessos na vida das mulheres, para concretizar a igualdade entre mulheres e homens, no respeito pelas diferenças, pela valorização do seu contributo no desenvolvimento e na Paz em todo o Mundo.
É uma verdade histórica que sem a participação da mulher não pode haver qualquer transformação social profunda. (MDM, 1975)”