Filme “Ondulação”
Nos 52 anos do Golpe de Estado no Chile, a Associação de Chilenos em Portugal apresenta o filme Ondulação seguido de uma palestra com a diretora Constanza Thümler.
Ondulação é uma peça que reflete sobre a memória e a história política do Chile. Protagonizado por cinco atrizes de destaque; Tamara Acosta, Paula Zúñiga, Trinidad González, Francisca Márquez e Alexandra von Hummel, a peça retrata os traços que a história deixou nas suas próprias vidas, a partir das suas vozes, corpos e afetos, para se aproximar de uma memória de luta.
Sinopse
“Ondulação” é o sussurro insone de uma militante comunista presa em 1976 e lançada ao mar dias depois de um helicóptero Puma. A sua voz ouve-se na Villa Grimaldi (um centro de detenção e tortura de presos políticos durante a ditadura), mas também nas ruas da cidade onde a sua presença clandestina se faz sentir. Figura agonal e amorosa da resistência, espectro incorreto da evolução política da história do Chile, Marta Ugarte é o nome reservado ao trágico e, ao mesmo tempo, ao desvendamento do mecanismo de desaparecimento aplicado pela ditadura aos corpos em ruidosa doação. Para onde devemos ir? Com quem nos sentamos para conversar? É ela que sussurra desde um lugar perdido, fora de registo, na expetante dos acontecimentos políticos e das ruínas que se avizinham.
Informações sobre o caso real que inspira a película:
Foi uma destacada militante comunista chilena, dirigente social ativa durante o governo de Salvador Allende, onde liderou a JAP (Junta de Abastecimento e Preços) e integrou o Comité Central do Partido Comunista. Após o golpe de Estado de 1973, Marta Ugarte Román foi detida por agentes do Estado. Foi levada para o centro de tortura Villa Grimaldi, especificamente para “La Torre”, onde foi brutalmente torturada e, posteriormente, o seu corpo foi lançado ao mar a partir de um helicóptero Puma do exército chileno.
O corpo de Marta Ugarte Román foi encontrado na praia La Ballena, perto de Los Molles, revelando o mecanismo de desaparecimento utilizado pela ditadura cívico-militar chilena. O aparecimento do seu corpo marcou um ponto de viragem: pela primeira vez, a ditadura deixava vestígios visíveis do sistema de extermínio e desaparecimento forçado que, até então, operava na clandestinidade.
Embora a imprensa tenha tentado encobrir o caso com a versão de um “crime passional” cometido contra uma jovem desconhecida, a identidade de Marta foi reconhecida, desmentindo a versão oficial e evidenciando a violência sistemática do regime. O caso de Marta Ugarte tornou-se uma prova irrefutável do uso do terrorismo de Estado e do lançamento de prisioneiros políticos ao mar como método de desaparecimento.
