PIDE, Serviços Centrais, Registo Geral de Presos, liv. 7, registo n.º 1214 PT/TT/PIDE/E/010/7/1214, Arquivo Nacional Torre do Tombo

Edmundo Gonçalves

(Lisboa, 19.02.1900 — Tarrafal, Ilha de Santiago, Cabo Verde, 13.06.1944)

Edmundo Gonçalves, filho de Francisca Júlia e de Henrique Gonçalves, nasceu no dia 19 de fevereiro de 1900, em Lisboa, onde residia.

Ex-2.º sargento, Edmundo Gonçalves dedicou parte fundamental da sua vida, pelo menos desde 1929, ao combate contra a Ditadura Militar e o Estado Novo, sofrendo seis prisões e a deportação em 1937, que o conduziu ao Campo de Concentração do Tarrafal, onde morreria sete anos depois.

A primeira prisão ocorre a 13 de abril de 1929, segundo informação da sua ficha do Registo Geral de Presos, «por estar comprometido na organização revolucionária de Infantaria 17», e volta a ser detido a 20 de dezembro «por ter ligações com elementos revolucionários». Preso novamente a 30 de abril de 1930 «por suspeita de possuir uma pistola e resistência ao agente captor», é libertado a 10 de junho.

No dia 17 de julho de 1930, foi preso pela quarta vez «por ser considerado indesejável, sendo entregue ao Ministério da Guerra e proposto ao mesmo Ministério para que lhe seja fixada residência fora do Continente». Abrangido pela amnistia de dezembro de 1932, escapou à fixação de residência em Cabo Verde.

A 9 de junho de 1935, «foi preso por ser acusado de ter aliciado sargentos e assistido a reuniões políticas para o bom êxito do movimento revolucionário que estava para eclodir» e colocado na Prisão do Aljube até ser solto em julho.

A 6 de dezembro de 1936, é de novo preso, recolhendo incomunicável a uma esquadra, seguindo, em março, para o reduto norte da Prisão de Caxias. A 17 de abril de 1937, é transferido para a Prisão do Aljube. Julgado em Tribunal Militar Especial a 23 de abril, é condenado a uma pena de quatro anos de desterro, 1.000$00 de multa e à perda dos direitos políticos por dez anos.

No dia 5 de junho desse ano, é demitido do Exército e enviado para o Campo de Concentração do Tarrafal em Cabo Verde. Apesar de ter sido condenado a quatro anos, aí permaneceu sete anos e um dia, morrendo a 13 de junho de 1944, com 44 anos de idade.

Ficha prisional

Outros testemunhos