Faustina Barradas e Mariana Rafael

Biografia

Faustina Barradas nasceu a 4 de setembro de 1945, em Vale de Vargo (Serpa). Familiarizada, desde cedo, com as lutas dos trabalhadores rurais e a distribuição de propaganda comunista. Os pais, Sebastião Camilo Barradas e Faustina Maria Candeias, ceifeiros, estavam ligados ao Partido Comunista Português (PCP) e haviam sido já presos pela PVDE/PIDE. A mãe estava inclusivamente ligada ao sector militar.

Em 1954, com 9 anos, Faustina muda-se para Lisboa com os pais que mergulham na clandestinidade. Aos 14 anos vai trabalhar para a Fábrica dos Alfinetes, onde participa na distribuição de propaganda relacionada com o 5 de Outubro e o 1.º de Maio.

Em 1961 torna-se funcionária do PCP. Depois de um período em Lisboa, vivendo em casa de Dias Lourenço, vai para o Porto e trabalha em várias tipografias.

Depois da prisão dos pais, em outubro de 1965, Faustina mergulha, ela própria, na clandestinidade. Aos 16 anos monta uma casa clandestina em Gondomar com José Carlos Almeida, com quem casaria e teria três filhas. Depois do nascimento da filha mais nova, a mais velha teve de ir viver com os avós paternos.

Permanecerá na clandestinidade, na zona norte do país, até ao 25 de Abril, desempenhando várias tarefas ligadas à segurança da casa ou à montagem e funcionamento de diversas tipografias clandestinas.

Mariana Morais Rafael nasceu na clandestinidade em 1949, no Barreiro. Os pais eram funcionários tipógrafos clandestinos do Partido Comunista Português (PCP). Por questões de segurança, em 1952, com dois anos e meio, foi viver com a avó materna e os tios, em Vale de Vargo, no Baixo Alentejo. O tio é detido, por organizar greves, e a tia, por dar apoio a grevistas. Em 1956, voltou para junto dos pais, na clandestinidade, responsáveis por uma tipografia na zona de Espinho. Entre os sete e os 17 anos, Mariana viveu em 24 casas diferentes, muitas delas tipografias clandestinas onde eram impressos jornais como o Avante!, O Militante, O Camponês, O Têxtil, O Corticeiro, A Terra ou O Amanhã, bem como inúmeros manifestos e folhetos.

Aos 17 anos, munida de passaporte falso, atravessa a fronteira a salto para Espanha e ruma a Moscovo, onde ficará a estudar. De regresso a Portugal, com 18 anos, teve tarefas de organização do PCP durante três anos. Em 1970, vai viver na clandestinidade com o futuro marido, Armando Morais. Durante este período, a pressão da PIDE obrigará a família, já com duas crianças nascidas na clandestinidade, a mudar constantemente de residência, passando por cinco casas e vários quartos.

Em 2002, Mariana Morais concluiu o curso na área de jornalismo escrito com média de 14 valores na Universidade da Beira Interior.

Data de Recolha: 20.06.2016

Palavras-Chave: Mulheres, Clandestinidade, Camponeses, Família, PCP, Crianças da Clandestinidade, Tipografias.

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