PIDE, Serviços Centrais, Registo Geral de Presos, liv. 84, registo n.º 16716 PT/TT/PIDE/E/010/84/16716. Arquivo Nacional Torre do Tombo

António Assunção Tavares

(Vila Franca de Xira, 10.02.1922 — Vila Franca de Xira, 01.02.1951)

António Assunção Tavares, filho de Manuel Tavares e de Rosa d’Assunção Tavares, nasceu a 10 de fevereiro de 1922 em Vila Franca de Xira.

Começou a trabalhar cedo, logo depois da instrução primária, na fábrica Cimentos do Tejo, em Alhandra, tendo sido recrutado pela Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas no final dos anos trinta. A primeira prisão acontece em 1944, no seguimento das greves de 8 e 9 de maio desse ano, das quais fora um dos principais organizadores na margem norte do Tejo (Sacavém, Alhandra, Santa Iria e Póvoa). É encarcerado, juntamente com outros manifestantes, primeiro na Praça de Touros de Vila Franca e depois no Campo Pequeno, antes de ser enviado para a Prisão de Caxias. É libertado em outubro desse ano, já com problemas de saúde motivados pelos maus-tratos e a tortura, e passa à clandestinidade.

Em maio de 1945, «Tomé» – nome que adota na clandestinidade – aparece como um dos organizadores das «Grandes Marchas da Vitória contra o Fascismo». Em agosto desse ano, é de novo preso, e entregue pela Polícia de Viação e Trânsito de Algés à Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE). É enviado, primeiro, para a Penitenciária de Lisboa e, depois, para a Prisão do Aljube. Finalmente, é transferido para a Prisão de Caxias, onde chega a 17 de novembro. Colocado à disposição do juiz em janeiro de 1946, é libertado em março desse ano. Durante todo este tempo, além de lhe ser negada assistência médica ou medicamentosa, não lhe são devolvidos os medicamentos que trazia consigo no momento da detenção. Quando sai da prisão, em março de 1946, António Assunção Tavares está por isso muito debilitado, fixando-se em casa dos pais, onde o seu estado de saúde se deteriorará ao ponto de morrer a 1 de fevereiro de 1951. Faltavam poucos dias para completar 29 anos.

A morte de António fez eco no Diário de Lisboa e o seu funeral, conta-se, foi uma grande manifestação popular antifascista em Vila Franca de Xira.

As circunstâncias da morte de António Tavares são contadas por António Dias Lourenço no livro Vila Franca de Xira – Um concelho no país.

Ficha prisional

Outros testemunhos