Fernando Mariano Cardeira
Fernando Mariano Cardeira nasceu em Fanhais, freguesia da Nazaré, a 11 de outubro de 1943. Ingressa na Academia Militar (AM) em outubro de 1961. Nestes anos vinca-se a oposição de Fernando Cardeira ao regime, embora sem aderir a nenhuma organização, e a convicção de que não participaria na guerra colonial. Em 1965, entra para o Instituto Superior Técnico como oficial-aluno da AM. Em 1968, requere a sua desvinculação da AM por discordar da política colonial do governo. Em abril de 1969, é reclassificado em tenente-miliciano de Infantaria em Mafra. Já em 1970, no RI 5 das Caldas da Rainha começa a preparar com outros camaradas a deserção.
Após a mobilização para a guerra colonial, em maio de 1970, participa na deserção coletiva das Forças Armadas portuguesas que terá forte repercussão mediática em Portugal e no estrangeiro. Abandona o país a salto, a 23 agosto de 1970, pela Serra do Gerês e pede asilo político na Suécia. Neste país recebe o apoio de várias organizações que prestavam auxílio a refugiados políticos e desertores e participa em numerosas ações contra a ditadura portuguesa e a guerra colonial. Fomenta ainda a criação de um Comité de Desertores Portugueses.
Em junho de 1974 regressa a Portugal. É reintegrado no Exército. Trabalhará até abril de 1975 como diretor de Informação da RTP. Desempenhou funções nos Serviços de Apoio do Conselho da Revolução até agosto de 1979. Foi um dos fundadores da Associação de Exilados Políticos Portugueses (AEP61/74) em 2015 e presidente da direção da Associação Movimento Cívico Não Apaguem a Memória (NAM). É autor de Crónica de uma deserção. Retrato de um país e de Memórias da Ditadura – Sociedade, Emigração e Resistência.
Data de Recolha: 19.11.2018