António Espírito Santo da Silva

Biografia

António Espírito Santo Silva nasceu a 11 de fevereiro de 1936 no Barreiro, foco de resistência antifascista, numa família marcada pelas lutas contra a ditadura, nomeadamente as greves na CUF. Dois dos tios foram perseguidos pela PIDE. Um deles – regularmente despedido por razões políticas e detido em vésperas do 1.º de Maio – negara-se a colocar o último rebite da Ponte Marechal Carmona, em Vila Franca de Xira, na cerimónia de inauguração em que estiveram presentes Craveiro Lopes e Salazar.

 António Espírito Santo começou a trabalhar aos 14 anos como tipógrafo. A politização e o início da atividade política fazem-se no âmbito de coletividades no Barreiro, como a Sociedade de Instrução e Recreio Barreirense “os Penicheiros”, onde integra a secção da biblioteca. Em 1954 entra para o Movimento de Unidade Democrática (MUD) Juvenil e organiza atividades com Alves Redol, Rogério Paulo ou o Coro Lopes Graça. Em 1954/1955 adere o Partido Comunista Português (PCP).

É preso, com 20 anos, em novembro de 1956, na sequência de um encontro em Alpiarça, onde foi orador, organizado sob o pretexto da comemoração do armistício da I Guerra Mundial. No posto da GNR de Alpiarça consegue deitar pela sanita abaixo propaganda e material clandestino. É colocado na cela n. º4 do Aljube, onde permanece três meses incomunicável, passando depois para a cela comum. É libertado a 2 de maio de 1957, mas é novamente detido em setembro, seguindo para o Aljube, com passagens frequentes pela enfermaria. Julgado a 13 de maio de 1958, em Tribunal Plenário, é condenado na pena suspensa de 18 meses de prisão, saindo em liberdade no mesmo dia.

É preso, pela última vez, em dezembro de 1967, na sequência de uma sessão realizada no Luso Futebol Clube no Barreiro, no mês anterior, em que participam, entre outros, José Afonso, Adriano Correia Oliveira e Carlos Paredes. Passa pelo governo civil de Setúbal e é colocado em isolamento na Prisão de Caxias, sofrendo quatro a cinco dias de tortura do sono. É libertado em fevereiro de 1968.

Data de Recolha: 07.12.2016

Palavras – Chave: Família, Operários, MUD Juvenil, Colectividades, Prisão do Aljube, PCP, Interrogatórios, Caxias, Tortura.

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