Helena Rato; Data de Recolha: 03.07.2023

Helena Rato

Biografia

Maria Helena da Cunha Rato nasceu em 1944 e um ano depois o pai, António Ferreira Rato, marçano, foi preso pela PIDE por traduzir e reproduzir o livro A História do Partido Comunista da União Soviética. Durante a prisão em Caxias o pai adere ao PCP. O tio materno, Manuel Cunha Esteves, depois da recusa do serviço militar, emigrara para Espanha, onde participara no combate às forças franquistas e fora preso. Helena considera que, do ponto de vista da luta política, o período mais importante da sua vida foi a infância e a juventude. A partir de 1949, a casa dos pais tornou-se um ponto de apoio para membros do Secretariado do PCP. Por ali passam figuras como Jaime Serra, Sérgio Vilarigues, Sofia Ferreira, Cândida Ventura, José Dias Coelho ou Pires Jorge que são fundamentais na formação política, ética e cultural de Helena. Recorda que no dia em que fez 12 anos, Jaime Serra, que estava escondido em casa dos pais após a fuga de Caxias em 1956, ofereceu-lhe um exemplar de “O Camponês”. Aos 15 anos passou a integrar a célula familiar, colaborando no esquema de segurança da casa, situação que a obrigava a ter uma atividade política muito discreta. Neste período integrou a comissão de redação do suplemento Juvenil do Diário de Lisboa, onde contacta com Augusto da Costa Dias. Em 1960 dá apoio à realização de uma reunião numa casa no Estoril, alugada pelo pai, após a fuga de Álvaro Cunhal e companheiros da Prisão de Peniche em janeiro. Pouco depois, o PCP decidiu desativar a casa dos pais para que Helena pudesse envolver-se a fundo na organização estudantil universitária. Entrou para a direção do Cineclube Universitário de Lisboa e participou na Reunião Interassociações (RIA) durante a crise académica de 1962. A nível partidário começou por integrar o secretariado do Instituto Superior Técnico, onde estudava, a organização estudantil do PCP na Universidade Técnica e, depois, a organização que controlava todo o trabalho partidário na Universidade, a nível nacional. Colabora no recrutamento de jovens para as Juntas Patrióticas da Juventude e integrou a redação do jornal Amanhã. Em maio de 1963, após denúncias de Rolando Verdial, recebe “ordem” do Partido para abandonar a sua casa. Casa-se com António Viana Martins, que estivera preso no Aljube e que também fora denunciado, e passam ambos à clandestinidade, depois de escapar por duas vezes à prisão. Em julho de 1964, grávida de 8 meses, abandona Portugal, clandestinamente por Espanha, em direção a França numa fuga muito atribulada organizada pelo PCP pela zona do Alentejo. Instala-se em Paris, mas as muitas dificuldades encontradas levam a que siga, em dezembro do mesmo ano, para Argel. Novas dificuldades levam à decisão de abandonar a Argélia, em maio de 1966, já depois do nascimento da segunda filha. O destino será a Bélgica, onde desenvolve os estudos universitários na Universidade Livre de Bruxelas, instituição em que será professora e investigadora. Com cada vez menos atividade política, durante o exílio belga “autossuspende-se” do PCP, pedindo posteriormente a reintegração. É em Bruxelas que fica a saber do 25 de Abril de 1974 e no ano seguinte instala-se no Brasil. O regresso definitivo a Portugal acontece em dezembro de 1980.

Data de Recolha: 03.07.2023

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