Eulália Miranda, Hermínia Vicente e Maria Lourença Cabecinha
Biografias
Eulália Rosa Caeiro Miranda nasceu em Montoito, no Redondo (Évora), a 29 de maio de 1954, filha de Dinis Miranda e Elidia Rosa Caeiro, ambos funcionários clandestinos do Partido Comunista Português (PCP) e presos políticos. Devido à atividade clandestina dos pais, Eulália ficou a viver com os avós. Excetuando as visitas na prisão, só voltaria a ver o pai após a sua libertação de Peniche na sequência do 25 de Abril.
Ainda muito jovem, Eulália envolve-se no combate à ditadura, nomeadamente na esfera do Movimento da Juventude Trabalhadora, do PCP e da Comissão Democrática Eleitoral (CDE), participando em diversas ações contra a guerra colonial, em lutas operárias e na campanha eleitoral de 1973.
A seguir ao 25 de Abril de 1974, torna-se militante do PCP e, entre 1983 e 2004, fez parte do Comité Central deste partido. Operária têxtil, foi delegada sindical na Melka, membro da Comissão Distrital de Évora e do Executivo da Direção Regional do Alentejo. Esteve ligada ao Movimento Democrático de Mulheres (MDM) e foi dirigente da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP).
Hermínia Vicente nasceu a 5 de março de 1953 em Casebres, Alcácer do Sal, numa casa de 35 metros quadrados e chão de terra batida. Filha de trabalhadores rurais, começou a trabalhar no campo aos 11 anos, concluindo apenas a 4.ª classe.
As condições de exploração, os baixos salários e as longas horas de trabalho, aceleram a sua conscientização política e alimentam um forte sentimento de revolta. Aos 15 anos casa-se e aos 16 nasce a primeira filha.
Durante o processo revolucionário de 1974 e 1975, participa ativamente na Reforma Agrária e adere ao Partido Comunista Português (PCP). Liderou o grupo de mulheres que tomou a herdade em que trabalhavam e integrou a Cooperativa de Casebres, entretanto constituída. Em 1982 foi vereadora da Câmara Municipal de Alcácer do Sal pela Aliança do Povo Unido (APU).
Maria Lourença Calção Cabecinha nasceu a 17 de março de 1933 em São Romão, Montemor-o-Novo, filha de trabalhadores rurais. O pai fora preso em 1949. Começou a trabalhar no campo aos 12 anos. Em 1948, com 15 anos, adere ao Partido Comunista Português (PCP). Passa a funcionária em 1952, quando vai viver com António Gervásio e o filho de três meses que, com três anos, é entregue aos avós maternos e paternos. Depois de nova prisão do marido em 1963, Maria Lourença Cabecinha manteve-se na clandestinidade. É presa em julho de 1964. Na prisão de Caxias, é sujeita a penosos interrogatórios, tortura psicológica, falta de cuidados médicos e discriminações, mas nunca torturada. Na prisão estudou Português e Francês, com Fernanda Paiva Tomás, Matemática e Geografia, com Alda Nogueira e adquiriu conhecimentos de higiene, saúde, e cuidados materno-infantis com Julieta Gandra. Condenada, em janeiro de 1965, a dois anos e dez meses de prisão maior e a medidas de segurança cujo cumprimento inicia em 1967. Libertada em setembro de 1969, regressa à clandestinidade em julho de 1970, mantendo-se nessa situação até ao dia 28 de maio de 1974.
Em liberdade, teria várias responsabilidades partidárias e atividade na União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) e no Movimento Democrático de Mulheres (MDM).
Data de Recolha: 19.10.2016
Palavras – Chave: Camponeses, Mulheres, Luta das 8 horas de trabalho, Família, Filhos de Clandestinos, PCP, Operários, Clandestinidade, Prisão, Interrogatórios, Caxias, CDE, 25 de Abril.